“Eu
vi uma borboleta . Sorrateira , ela pousou sobre um galho seco esquecido a um
canto da varanda , à procura quem sabe de um breve abrigo .
Eu
vi a bela borboleta de asas coloridas , leve , a repousá-las e no seu pousar
brando , um suspiro seu eu percebi . Talvez de cansaço ou de solidão . Mas eu
vi uma borboleta e esse contemplar me
remeteu a lembranças , ao apressado da vida que parece correr à frente de todos e todos parecem querer alcançá-lo ...
Eu
procurei também um canto e, igualmente sorrateiro , assentei-me cuidadosamente para não assustá-la , não afugentar meus sonhos... e mais uma vez desejei contemplá-la
...
A
borboleta de asas coloridas eu vi . E todas as lembranças vieram ao meu
encontro e não foram somente as coloridas , mas as lembranças em preto e branco também .”
(
Cícero Aarão )