CARPE DIEM

"Aproveite o momento" ; "Colha o dia " . "Aproveitar a vida e não ficar apenas pensando no futuro." SEJA BEM VINDO!!!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A BORBOLETA




“Eu vi uma borboleta . Sorrateira , ela pousou sobre um galho seco esquecido a um canto da varanda , à procura quem sabe de um breve abrigo .
Eu vi a bela borboleta de asas coloridas , leve , a repousá-las e no seu pousar brando , um suspiro seu eu percebi . Talvez de cansaço ou de solidão . Mas eu vi uma borboleta  e esse contemplar me remeteu a lembranças , ao apressado da vida que parece correr  à frente de todos  e todos parecem querer alcançá-lo ...

Eu procurei também um canto e, igualmente sorrateiro , assentei-me  cuidadosamente para  não assustá-la , não afugentar meus sonhos... e mais uma vez desejei contemplá-la ...

A borboleta de asas coloridas eu vi . E todas as lembranças vieram ao meu encontro e não foram somente as coloridas , mas as lembranças  em preto e branco também .”

( Cícero Aarão )

domingo, 11 de novembro de 2018

DESEJO



"Eu queria a calmaria do mar, urma rede a me embalar e os sons dos pássaros,  de todos os bem-te-vis a me rodear ...Eu queria a paz do pôr do sol." 

( Cícero Aarão )

DIÁLOGO POLÍTICO




                Manhã de quinta-feira chuvosa no Rio de Janeiro . Dois amigos , após um café no bar de esquina do bairro onde residem, a caminho do ponto de ônibus mais próximo ...

- Cara, 14% dos deputados da Alerj estão atrás das grades !!

- É , parece que a bruxa está solta.

- Mas pera lá , com esses caras presos, quem vai representar a gente na câmara dos deputados no Rio ?

- E antes eles representavam ?

( Cícero Aarão )

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Caminhada




“Estava decidido a caminhar e não olhar para trás. Os ouvidos se dispunham a ouvir quem quisesse lhe dizer algo. Era manhã chuvosa. Uma chuva fina caía sobre o chão de terra batida. Já não se importava com a roupa molhada,  pois tudo que desejava naquele momento era tão somente caminhar, mesmo que esse gesto solitário fosse para o nada. Caminhava ... e caminhava... Estava decidido.” 
( Cícero Aarão )

sábado, 3 de novembro de 2018

EU E MINHA MÃE ......Parte 1




“Bem, mais ou menos há quatro anos , eu e minha mãe voltámos de carro de alguma visita ou da igreja , não me lembro ao certo . Era ela quem dirigia e eu a acompanhava , como na maioria das vezes , no banco do carona , porém, sempre atento a qualquer coisa que pudesse acontecer inesperadamente . Eu, na verdade , já havia observado algum comportamento diferente de minha mãe que antecede a esse fato e, por isso , minha atenção redobrada, sobretudo , quando ela se dispunha a dirigir .

Estávamos quase já chegando em casa. Nessa época ela havia se mudado . Morávamos próximos um do outro o que fazia minhas visitas a ela serem frequentes .
Antes de minha mãe adentrar em uma rua que dava acesso a nossa – nos encontrávamos na rua principal – o volante do carro , pareceu , por um momento , deixar de ficar sob seu controle , o que acabou acarretando em um movimento brusco para o lado esquerdo, exatamente para o lado da pista onde vinham os carros contrários . Felizmente , pelo bom reflexo que disponho , imediatamente intervi com uma das mãos, desviando o carro para o meu lado , também de forma brusca e inesperada . Com isso , evitei um provável acidente . Chegamos em casa são e salvos , mas não deixou de ser um susto .
Pois bem , esse susto foi o suficiente para eu decidir por conta própria , com a ciência de meu único irmão , já falecido , que mamãe não deveria pegar mais no carro . A partir de então , passei a choferar para ela .
Estava decidido também , que mamãe deveria ir a um médico , especificamente , neurologista . Mas isso se deu , após outros fatos : começou a cair , levar tombos , do nada . Sequer pressentia-os. Simplesmente , caía . Onde estivesse , caía . Eu consegui evitar algumas de suas quedas, que se tornaram contínuas - Esse sintoma , acompanhado de breves esquecimentos , fez com que eu resolvesse leva-la ao médico neurologista a fim de averiguar todo o ocorrido . E lá fomos nós . A consulta foi breve . Diagnóstico : Hidrocefalia . Mamãe foi diagnosticada com hidrocefalia . Por isso , os tombos frequentes e as fortes dores de cabeça , praticamente diárias .
Mas lamentavelmente o diagnóstico não se restringiu apenas a isso . Concomitante a essa novidade , a médica diagnosticou uma demência . Mamãe saiu comigo dali acho que estática . Creio mesmo que ela não tivesse se dado conta da gravidade do problema que se iniciava ali ou fingia não ter ouvido nada .
Quanto a mim , saí arrasado do consultório . A minha perplexidade se uniu ao silêncio e a um fim de tarde sem revoada de pássaros .
Falaremos em próxima postagem sobre acontecimentos posteriores a esse fato . Até a próxima . “
( Cícero Aarão ) .

sexta-feira, 2 de novembro de 2018


- CONVERSA MÓRBIDA –

Dois amigos caminhavam , sendo que um deles acompanhava o outro , religiosamente, todos os anos . Era sexta feira nublada, dia de finados .

- Pois é, amigo , você sabe muito bem que estou aqui pela nossa velha amizade e amigo de verdade é amigo em todas as horas .

Surpreso, de certa forma com a revelação logo nas primeiras horas da manhã, o amigo ouvindo a confidência de seu companheiro , interrompeu a caminhada , repousando as mãos sobre ambos os braços e olhando-o fixamente, disse-lhe :

- Obrigado , meu querido amigo , sabia que podia contar com você , obrigado .

Após breves revelações mútuas , sem que deixassem os sentimentos aflorarem completamente, contiveram-se e prosseguiram na caminhada , lado a lado, quando o primeiro , o que dera início àquela conversa, esclareceu:

- É , mas fique sabendo o amigo que estou fazendo isso pela nossa velha amizade , nada mais que isso, mesmo porque não acredito nessas coisas .

- Tudo bem , tudo bem ! – disse o outro –

E continuaram a caminhar , agora , silenciosamente .

Após uma boa hora de caminhada, aquele que cumpria seu voto , sobretudo em prol de seus entes queridos , disse que , embora fosse morador do Rio de Janeiro há alguns anos , por se ausentar por outros tantos anos , não reconhecia o lugar por onde andavam, decerto , por causa das últimas mudanças na cidade e, por isso , não se lembrava de jeito algum da localização do cemitério a que se propunha estar naquela manhã .

O companheiro notando a inquietação do amigo , perguntou o que estava acontecendo , o que tanto o afligia naquele momento .

- Não consigo me lembrar onde fica o cemitério , que droga !

- Não seja por isso , pergunte ao rapazinho ali da frente , ele deve saber !

O rapazinho estava sentado à beira da calçada, às vezes olhando para o nado , em outros instantes, a mexer no celular que tinha consigo , quando os dois se aproximaram .

- Mocinho , bom dia . Por acaso você sabe me dizer onde fica o cemitério ... – não se lembrava do nome, contudo , não foi necessário , pois , mesmo o rapaz não voltando os olhos para os dois , devido sua compenetração no celular, respondeu-lhes meio que de má vontade : Ah, fica mais um pouco na frente ! Acabou de passar um pessoal aqui levando o caixão de um .....

- Tudo bem , obrigado .

E apressaram o passo , a fim de que não perdessem de vista o cortejo e , por fim , não soubessem, definitivamente, como fazer , até que , conforme o rapaz lhes dissera , o grupo ia um pouco mais à frente , cantarolando bem baixinho, como se fosse uma romaria .

E assim sendo , juntaram-se aos demais , mantendo-se cabisbaixo em respeito .

- Ai, Santo Deus , só você mesmo pra me tirar cedo de casa pra isso ! Onde já se viu isso , até morto tem dia comemorativo ! Ai, ai, ai, ai !!!

- Fica quieto , silêncio !! Olha o respeito !

- Tá bom , tá bom !!!

E continuaram junto com todos , quando de repente começaram a ouvir tiros que em poucos minutos se tornaram intensos .

Sem demora , todos de uma só vez , se jogaram no chão , interrompendo de vez o cortejo , afinal ninguém sabia de onde viam as balas .  Alguns, prontamente , se cobriram com as flores que levavam consigo sobre a cabeça, na tentativa de , quem sabe, se protegeram do infortúnio da hora . Os tiros acenavam para o grupo , bem como toda região como um bom dia ou boas vindas ao local .  Embora fosse dia de finados , seria difícil imaginar que alguém daquele grupo , apesar dos descontentamentos da vida e do dia a dia , desejasse morrer .

Mesmo deitados , aquele que fizera a vontade do velho amigo lembrou de perguntar : mas , a propósito de que o finado que o amigo está se propondo a visitar , morreu ?

- Ah, coitado , estava com uma série de dívidas , não sabia mais o que fazer , além disso , descobriu ter sido traído pela mulher com seu melhor amigo – mas poucos sabem desse pormenor – conclusão , não aguentou e numa manhã como essa, morreu de infarte fulminante .

Não muito perplexo , o que ouvia atentamente , assustado , de olhos esbugalhados e trêmulos disse , ainda com dificuldade de falar , como se estivesse a gaguejar : É, está tudo pela hora da morte !

- Vai passar , vai passar ! Sempre passa ! Isso já virou rotina no Rio de Janeiro ! Dizia o outro de forma otimista.

- Ai, meu Deus , eu sei que tenho pecado , eu sei que tenho reclamado da vida ! E dando início a um choro contido , ainda disse desesperadamente : Eu não quero morrer , não quero , não quero morrer ! Não , não , não !!!

 No meio do desespero , olhou para o companheiro de longa data , mesmo deitado de bruços sobre o asfalto, dando-lhe a mão , confidenciou-lhe de modo sincero : meu perdoa, amigo , me perdoa por tudo !

O outro , recebendo o gesto do amigo , calmo , porém atento , finalizou , lhe dizendo:

- Calma, amigo , calma !!! Ninguém morre antes da hora !!!

( Cícero Aarão )


quarta-feira, 18 de julho de 2018

O EMBARALHAR DAS PALAVRAS




“Estou aqui e não lá . Não sou daqui , mas também não sou de acolá Estou onde preciso e devo estar. Um gostar momentâneo em estar lá , mas para aprender , estou cá . Depois, uma vez pronto , para lá eu vou. Mas eis-me aqui , fico mesmo por cá .” ( Cícero Aarão )

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O PECADO DAS PALAVRAS



“Pecamos pelo que dizemos e até o que não dizemos . Estamos ligeiramente condenados ; condenados pelas palavras que proferimos ; escravos de meras palavras , sejam estas ditas em monossílabos, dissílabos ... Não importa , nos tornamos escravizados até o ponto final .
Ou  nos libertaremos ? A  liberdade será um sonho?  Sim , um sonho no meio do inverno ,  onde as reticências tomam à frente nos pegando de surpresa , fazendo com que nos mantenhamos escravos ; escravos de todas as palavras pronunciadas e mesmo aquelas que sequer chegaram a sair de nossos lábios , permanecendo em coração e mente nos farão escravos , a seu bel prazer  . Sim , as palavras hão de vir , quando menos esperarmos , hão de vir e um círculo vicioso nos tornará escravos mais do que já fomos .”             ( Cícero Aarão ) 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

QUERER

Eu quero porque te quero simplesmente .
Quero-te em minha  mente
E que teu amar por mim não seja aparente
Pois o que sinto é tão somente ardente.

E por isso
E é por isso
E tão somente isso
quero porque te quero .

( Cícero Aarão )