CARPE DIEM

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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

EU SABIA ...




- TALVEZ PARA QUEM APENAS ACREDITA –




“Quando menino, próximo ao parapeito da janela de meu quarto ou mesmo em outro canto qualquer  onde pudesse ver a paisagem de fora , nos dias sobretudo chuvosos , de nuvens carregadas, ficava intrigado o porquê de tudo aquilo . Mais intrigado ainda ficava , em ver o cinzento do dia em  uma cidade como a do Rio de Janeiro, minha terra natal, ou outra similar detentora da beleza dos mares e suas praias . Eu sempre achava que tempos assim não combinavam nem um pouco com o Rio de Janeiro , especialmente nas imediações do Cristo Redentor , bem como no Pão de Açúcar . Teimava em achar – e continuo a pensar desse modo – que o Rio só combina com sol e seus raios repousando sobre os mares e a baía de Guanabara . Contudo, esses desejos íntimos pelos quais vivenciamos , nem sempre ocorrem na realidade e, por isso, nos frustramos muitas vezes . Em dias de férias ou feriados prolongados então, nem se fala !  Em dias como esse, somos cerceados de ir à praia ou realizar um passeio numa área verde da cidade .

Mas o fato é que , em uma dessas ocasiões de chuvas torrenciais na cidade , onde as maiores vítimas são as pessoas da comunidade  bem próximas das encostas,  o meu incômodo por aquele mau tempo persistia e embora estivesse incomodado com a paisagem nada aprazível, matutando, continuamente , querendo uma resposta imediata,  à medida que via as gostas de chuva , cheguei à conclusão de que não era raiva , descaso , nem tampouco castigo vindo da parte de Deus , mas sim a tristeza latente do espírito divino que , copiosamente , derramava-se pelas ruas e becos , por todos os caminhos que nos levassem ao mar ou  à montanha . Estava convicto:. Deus chorava muito, muito mesmo . Derramava-se em lágrimas constantes. No meio de choro convulsivo, tamanha emoção que tinha consigo e  silenciosa, vez por outra, deixava cair sobre a terra descargas elétricas , rajadas de vento... Um lamento profundo sobre tudo que via abaixo de seus olhos . A chuva , que se dava de maneira intensa era simplesmente porque Deus chorava de tristeza, de muita tristeza pelos feitos humanos . Eu chegara à essa conclusão  e tivera certeza de que , momentaneamente, Deus não podia ou não queria fazer absolutamente nada , senão chorar, chorar sua dor .”

(Cícero Aarão)


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