Ontem, pensava na morte .
Pensava na solidão dos velhos, de cãs visíveis,
Sentados nos bancos das praças de olhares vagos e furtivos.
As crianças, desnutridas, à beira das calçadas das ruas...
E toda sujeira deixada pelas mãos alheias...
Mulheres largadas por homens insanos,
A vagar por lugares ermos, por todos os becos,
A mendigar o pão ; a suplicar todo amor...
Ontem, pensava, na escuridão da noite
No vento gelado a bater sobre todo corpo carente de afeto...
O beijo, o adeus ...
O futuro obscuro que me aguarda , de braços abertos, de sorriso largo e festivo....
Mas, ainda ontem, pensava, no silêncio da madrugada,
Na morte, o que está por detrás do muro, da fortaleza;
do campo desprovido de flores, as mais lindas e perfumadas, as mais coloridas...
O peito arfante ,
O correr para o nada, talvez...
O abraço; o afagar de mãos entrelaçadas ...
Os passos e pegadas deixadas na poeira da estrada...
E tão somente os sons dos grilos, a alvoroçar toda noite
e o início da madrugada , a me espreitar , como alguém que vem atrás de mim...
Ontem pensava, apenas isso .
De alma contrita, no quarto , à luz do luar,
Meus pensamentos sombrios...
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
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Um comentário:
Achei linda, mas triste. Ao mesmo tempo poesia, puro sentimento, um momento, que pode ser alegre ou triste... Sem regras.
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