Vestiu-se de pierrô e , da sacada, via o bloco passar ...
Ansioso, aguardava sua colombina desfilar o seu sorriso
À mão, um punhado de serpentina
De onde estava, pronto estava
De peito erguido, esbanjava só alegria !
Era um bloco que vinha , mas o que seus olhos viam era uma escola na larga avenida .
Uma tristeza vagava por perto
Trazia consigo, contida na alma .
Mas eis que na avenida , vinha vindo a bela passista
De coxas exuberantes, a mulata faceira requebrava os quadris, só requebrava e só requebrava!
De salto alto, no ritmo do samba, sorria ao som do pandeiro .
E ia mais à frente , em passos ligeiros, mestre sala, porta-bandeira,
o estandarte da mais querida , a mais feliz de todas as escolas!
É bateria, alegoria
E na cadência do samba , à velha guarda, nossos respeitos
E a ala das baianas com mãos na cintura,
Ah, rodam baianas , rodam baianas!
E ao som estridente do puxador da escola , quanta alegria e simpatia !
Vem, oh, bateria e bumba forte um tambor todo imponente
Mas eis que breve pausa permeia todo ambiente
É um choro de cuíca
Uma saudade e uma solitária lágrima de pierrô apaixonado
E, da sacada , só serpentina e um coração aflito e mui pulsante .
Ao som do batuque do cavaquinho , disfarçando uma incômoda tristeza ,
Samba um pierrô à espera de sua colombina .
(Cícero Aarão)
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